Nara Pamplona

Em quietude interior, meu pensamento voa célere,
Retornando aos tempos de criança, adolescente,  adulta!
Um sorriso aflora em meus lábios,
Lágrimas banham meu rosto de emoção e ternura...

Vejo-me sentada em seu colo amoroso,
Com meus cabelos acariciados suavemente,
Meu corpo pequenino enlaçado fortemente,
Ouvindo estórias a me  induzir ao sono...

E o pensamento continua voando...
As lembranças da fase da puberdade surgem nítidas,
Como uma áurea época de aprendizado, de deslumbramento,
Assimilando sua maneira de entender e amar a vida!

E o pensamento continua voando...
Observo-me já adulta, alegre, mas com asas de liberdade não entendidas
Mas que  seu coração de mulher compreendia, protegia
Sem afastar o conselho necessário, a reprimenda enérgica, mas branda...

E o pensamento continua voando...
Sinto sua calorosa presença prestigiando a eleição do amado,
Acolhendo-o como se filho fosse, integrando-o ao seu mundo afetivo,
O mesmo fazendo com os escolhidos pelos demais filhos!

E o pensamento continua voando...
Vejo-a, já em idade provecta, com saúde abalada,
Mas casada, ainda, com a alegria, com a arte do bom viver,
Não permitindo que as dores e sofrimentos  ofuscassem-nas...

E o pensamento continua voando...
Olho-a sentada em sua cama, já debilitada, sem forças,
Mas com sonhos e anseios a concretizar,
Não interrompendo sua dança no baile da vida!

E o pensamento para...
Meu coração estremece, minha mente acorda...
E não vi mais você, amiga, companheira,
Porque já se fora, deixando-nos orfãos de sua presença marcante...

Mãe, que bom tê-la pertinho por tanto tempo,
Ter recebido o prêmio divino de nascer de seu ventre,
Crescer, forjar meu caráter e personalidade,
Mirando-a como exemplo de abnegação, bondade, amor...

Abençoada seja, mãe querida, amada...
E no lugar etéreo onde agora se encontra.
Receba em seu brando e sereno coração,
As ondas sonoras e vibrantes do meu eterno amor!


Rio, 08/05/2008

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